segunda-feira, 11 de julho de 2016

Hora da Partida

Hora da Partida



O "Jornal Todo Dia" (Americana e região), na edição de ontem - Domingo,10/07/2016, veiculo uma excelente matéria de Claudete Campos - Caderno Toda Gente - sobre a Síndrome do Ninho Vazio, com recortes de meu parecer e alguns depoimentos. 
Amei e parabenizo o trabalho da repórter. Também, sou grata ao fotógrafo Junior.
Vale a pena ver!!
Disponível: http://portal.tododia.uol.com.br/_conteudo/2016/07/caderno/todagente/114630-hora-da-partida.php



quarta-feira, 29 de junho de 2016

Síndrome do Ninho Vazio Nunca Mais...

Síndrome do Ninho Vazio: acorda!





“Olho e sou visto, logo existo!”
Winnicott



 “Tudo vale a pena se a alma não é pequena.”
Fernando Pessoa



   Vou falar hoje de independência ou morte, de algemas partidas, pois laço jamais é prisão. “Ninho” é uma metáfora linda e poética sobre o lar. Em tese, é o refúgio que ampara, abriga, acolhe, protege, favorece, provê e contém. Dizem até que é o descanso do guerreiro. “Vazio” ressalta o mérito do mesmo em dever cumprido. Deduzo que as aves prontas já se foram, então, missão cumprida. Alçaram voo à aventura de conquistar o encantador, divertido e imenso mundo. Belo e triste. Liberdade. Vida (Ouça como a palavra soa). Assim, são os filhos... Viva! Ufa! Alívio aos pais, finalmente tempo para mim...

   Você já viu pássaros voando abraçadinhos? Grudados podem bater asas? Impossível. Crescimento, desenvolvimento e maturidade são intrínsecos à separação, autonomização, individuação e reconhecimento das diferenças. Nossos filhos, cada um em seu tempo e ritmo próprio, amadurecem. Graças a Deus, voam livres rumo ao seu destino. Diz o poeta que eles moram lá na casa do amanhã onde não iremos habitar nem em sonhos. Que bom! Que eles nos superem em tudo. Torço para que construam uma vida significativa e plena em sentido. Vantagem afetiva é que não nos abandonam nunca no bem querer. Diferente dos pássaros nós humanos possuímos vínculos. Sempre que a saudade bate eles retornam barulhentos ao aconchego para trocar novidades. Reabastecem a pilha afetiva e novamente lá se vão. Ainda, há vezes que nos surpreendem e nos brindam em gratidão. Ocasionalmente podem até virem carinhosamente para cuidar, mas sem serem escravos do amor. Ora eventualmente, se necessário, feridos voltam para serem cuidados. Afinal, no ciclo da vida perda implica na sucessão em ganhos. Há sempre troca nas relações e entre as gerações não é diferente. Portanto, ultrapassamos etapas para conquistar degraus evolutivos. Aliás, somos mantidos sempre bem vivos dentro das cavernas das lembranças e da saudade dos que amamos e que nos amam mesmo depois de nossa morte. Sabia que os elos da ligação emocional são invisíveis e muito mais resistentes do que imaginamos? Sobrevivem a nós. Acorda! Distância, ausência e o tempo não destrói a eterna solda do amor.

   Agora vamos falar de patologia. “Síndrome”, em medicina, remete à doença. Sinais e sintomas delatam sofrimento. “Síndrome do Ninho Vazio” conta da dor mental de muitos pais, predominantemente mulheres, que não lidam de forma serena com esta fase normal da vida. Pode coincidir o agravo do padecer pela menopausa, aposentadoria e envelhecimento. Desta forma, o ciclo natural da vida, pela exacerbação da angústia de separação, poderá ser vivenciado com sentimentos de intensa nostalgia, tristeza excessiva, abandono, insegurança, esvaziamento, inutilidade, luto, desamparo, desespero e solidão. Existencialmente a pessoa se prende ao leite que ferveu e derramou não se dando conta do que ainda sobrou na leiteira. Afinal, não se atenta que ainda dá pra fazer do resto uma ótima coalhada ou até um saboroso doce de leite. Como toda mudança na vida requer rituais de passagem, flexibilidade e adaptação ao novo.  Isto exige resiliência psíquica. Vemos aqui que a estrutura de personalidade rachou e expôs a vulnerabilidade defensiva do indivíduo. Explico. Freud, em 1926, já dizia que quando a angústia de separação é excessiva, é vivida como um temor trágico de se ver só e abandonado, fonte primeira de dor psíquica e de sentimento de luto. A dinâmica mental não suportou a exigência imposta pelo desconhecido da quebra da rotina e ausência do convívio cotidiano com a pessoa querida desvelando a fragilidade dos alicerces do próprio eu. Assim, é denunciada a dificuldade particular em lidar com separação e perdas. Qual a saída? Abra os olhos do coração. É chegado o tempo de despertar! Necessário é aproveitar mais esta chance que a vida oferece e com determinação agarrar a oportunidade de investir em si mesmo e fazer a sua vida valer a pena. O maior desejo do ser humano é ser compreendido e ninho vazio é sonho de liberdade.


Dicas que facilitam Enfrentar a Síndrome

  ü  Crise é sempre oportunidade quando há sintoma psíquico pedindo socorro;
  ü  Não engesse a vida e não paralise seus filhos, pois o tempo não espera;    
  ü  Prevenção do quadro começa ainda no berço com o aprendizado afetivo da constância do bom e permanência do bem querer;
  ü  Tenha um romance consigo mesmo: se liga em você!
  ü  Busque ajuda especializada para organizar e desenvolver sua mente;
  ü  Agarre a oportunidade de aprender a capacidade de ser e estar só, ou seja, domestique a sua solidão;
  ü  Construa ou resgate seu projeto de vida em que seja você o único autor e ator da sua própria história (fatos) e estória (colorido que se dá aos fatos);   
  ü  Não tenha medo de vivenciar a descoberta de si mesmo;
  ü  Redescubra e invista no relacionamento conjugal;
  ü  Retome e enriqueça o projeto homem e mulher, comum ao casal, e que jamais se resume aos filhos;
  ü  Apoie, abençoe, orgulhe-se e deslumbre-se com o avanço e êxito de seus rebentos;
  ü  Resgate seus sonhos e saboreie todo o prazer e a liberdade do novo tempo arduamente conquistado;
  ü  Priorize vida de qualidade, que é fazer o que você particularmente prefere e gosta (é muito diferente de “qualidade de vida” que segue protocolos universais); 
  ü  Exercite o corpo, a mente, a criatividade e o espírito: trabalhe, faça atividades físicas, esportes, arte, lazer, cultura (cante, dance, pesque, adote um animal, festeje, brinque com as crianças, leia, assista, conecte, viaje, ore, cultue sua fé, pinte, borde, faça jardinagem, saboreie a culinária, celebre com os amigos, conheça seus vizinhos, confraternize com a rede de parentesco mais ampla, faça cursos, participe de grupos de apoio, converse com os jovens que são revigorantes, troque experiências com os mais velhos, pratique o ócio produtivo, politize, exerça cidadania, comprometa-se com uma boa causa, etc.);
  ü  Jamais se esqueça: “o que conta na vida não é o que fizeram com a gente, mas o que a gente faz com o que nos fizeram”;
  ü  Generosamente seja voluntário, mas somente e após priorizar o que é seu, isto é, se ainda sobrar tempo e disponibilidade afetiva se doe ao outro;
  ü  Lembre-se, acima de tudo, “Quem ama liberta”;
  ü  Urgente, faça amor com a vida;
  ü  E, finalmente, desejo que seja sábio: - Viva e deixe viver!!!


“O que significa ‘cativar’?
É uma coisa muito esquecida, diz a raposa.
Significa ‘criar laços...’ 


... Só se vê bem com o coração.
O essencial é invisível para os olhos”
Antoine de  Saint.Exupéry



R. Osvaldo dos Santos n° 46 – Jd. Santana – Americana (SP) – CEP 13478-230   ( (19) 3468-3541 e 99740-0046


sexta-feira, 10 de junho de 2016

Feliz Dia dos Namorados!


Feliz Dia dos Namorados!

“Foi assim como ver o mar a primeira vez que meus olhos se viram no seu olhar...” (Roupa Nova)

Olhos nos olhos... Almas desnudadas... Escravo do seu amor e livre pra amar. Assim é que canta a música. Delata como “escolhemos” o parceiro. Que risco!!! Não são, de fato, relações de “livre escolha” pela dimensão inconsciente que nos habita; e, nem necessariamente simétricas, pois as partes têm diferentes recursos (emocionais, estéticos, éticos, intelectuais, financeiros) e investimentos em si, no outro e na relação.
Sabia que é nossa estrutura psíquica que determinará nossas escolhas amorosas? Há importância do fator sociocultural na estruturação psíquica, ao lado dos fatores constitucionais (hereditários e congênitos), do meio ambiente (basicamente nos cinco primeiros anos de vida), e dos acontecimentos atuais. Amor e ódio amalgamados entram em cena.   Podemos “optar” por buscar a “alma gêmea” por afinidade ou diferenciação, pois opostos e/ou iguais se atraem.  Tive um professor de Patologia Psicanalítica que dizia que nossas doenças é que se casam. Formamos pares complementares.  Aliás, experimenta por duas laranjas no liquidificador e depois tente separá-las... Quanta mistura e fusão há na vida conjugal de muitos com jogos de dependência e poder que fatalmente levam às tragédias anunciadas.  
Assumamos novas práticas verdadeiramente amorosas e transformemos afetos, nas quais prevaleçam o autocuidado e autorespeito em relação a nossos desejos e direitos e também às necessidades, desejos, fantasias, interesses do outro. Que haja diálogo, acordo, relativa autonomia, fertilidade, prazer e real projeto de vida em comum. 


Viva o verdadeiro amor!


                                                     




Veiculada síntese  no "Jornal Todo Dia", domingo, 02/06/2016, disponível em
http://portal.tododia.uol.com.br/_conteudo/2016/06/opiniao/a_sua_opiniao/112667-dia-dos-namorados.php

Namoro: Um brinde à vida inédita!





Namoro: um brinde a vida inédita!

“Quero me casar...
Depressa, que o amor
não pode esperar!”
(Drummond)

Dividir ou compartilhar? Escolha, eleição ou destituição? Coisas de paixão e da transitoriedade o enamoramento é estado de graça. Diz o poeta que amor com amor se paga e nisto Freud concorda. Os iPhones, tablets, aplicativos, Tinder, prometem relações virtuais, ligações instantâneas a um clique. Aproximação afetiva? Intimidade? Desconectar é muito mais fácil ainda. Sem apego. Sem sofrimento. Nada? A clínica psicanalítica que o conte. Desumanização... Depressão transgeracional... Perda dos marcos civilizatórios. Que herança maldita estamos construindo? Nunca estivemos tão entrincheirados nas correntes da solidão pela influencia da cultura do imediatismo, pragmatismo e descartabilidade.
Neste Dia dos Namorados vou colocar “Santo” de castigo: proíbo os vínculos tantalizantes (amor doentio). Romanticamente idealizo a todos que “livremente” escolham (sempre o inconsciente) – o tipo socialmente incomum entre os casais: maduras e férteis relações prazerosas. Que o corpo seja lugar das delícias do sagrado, da intimidade e do secreto. Sonho estarem investindo significativamente na relação com perspectivas de desenvolvimento e projeto amoroso de futuro. Desejo que os conflitos e as contradições sejam enfrentados com realismo e civilidade pela dupla. Voto que cada um tenha todo e apenas o poder de findar a relação. Sobretudo almejo o poder de dois de dar continuidade e aprofundamento: tem que ser compartilhado na promoção do diálogo, do respeito às individualidades e autonomia das partes (sempre relativa) e do acordo. Que ambos promovam sempre integração entre razões e paixões. Finalizo com o desejo do poeta maior que seja duradouro, flexível e seguro lugar de afetividade e liberdade:

Ah, quem me dera ter-te
Como um lugar
Plantado num chão verde
Para eu morar-te
Morar-te até morrer-te...
(Vinicius de Moraes)


Eliane Pereira Lima
Especialista em Psicologia Clínica, Organizacional e do Trabalho
Psicologia - Psicanálise
CRP 06/43457
Crianças - adolescentes – adultos


R. Osvaldo dos Santos n° 46 – Jd. Santana – Americana (SP) – CEP 13478-230   ( (19) 3468-3541 e 99740-0046

Veiculado pelo Jornal "O Liberal" (Americana-SP), ano 65 - nº 14.979 Edição 19h35, em 14/06/2016, Terça-feira, página 2 "Opinião", disponível em www.liberal.com.br/virtual/

"Família: Pátria, mãe Gentil"


"Família: Pátria, mãe gentil..."

Em época de confraternização do “Dia das Mães” é essencial reconhecermos o lugar imenso que elas ocupam em nós, cultura e vida em sociedade. O desenvolvimento, principalmente no início da vida, depende de um suprimento ambiental satisfatório. Destaco-as como facilitadoras dos potenciais individuais ao crescimento, também os pais e a família. É fina e constante a adaptação às necessidades de gratificação/frustração que instauram reconhecimento gradual dos limites de realidade. Igualdades, semelhanças e as fundamentais diferenças.
Vemos avalanche de “enfermidade” no cenário político e econômico. Devemos ter senso agudo de responsabilidade com ideais coletivos, pois, impossível fugir da regra: o lar é nosso ponto de partida. Temos consciência do seu valor em contraposição às consequências de um lar ruim. Infelizmente, também a miserabilidade de um mau governo e suas cicatrizes. Favorecer e privilegiar “filhos desfavorecidos” em detrimento de outros com maior capacidade e recursos é estabelecer a rivalidade destrutiva e não oportunizar o desabrochar do potencial de cada indivíduo. Eis a chave para entendermos acirramentos de ânimos...

Afinal, a estrutura da sociedade reflete a natureza do indivíduo e da família.

Veiculado no Jornal O Liberal em Americana (SP), sexta-feira 13/05/2016, Ano 64- nº 14.952 Edição de 23h10.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Coração de Mãe

"Coração de Mãe"


Prescrevo sem restrição: "Mãe suficientemente boa" a todo ser humano. É vacina? É remédio? Psiquicamente é essencial à saúde física e emocional. Aliás, não somente à saúde individual, sobretudo, é fundamental à saúde social.
Vemos numa família - também na sociedade atual - o quanto uma mãe que não favorece o desenvolvimento do potencial individual de cada filho e uso pleno de seus recursos, estimulando uma rivalidade saudável e cooperação fraterna e amorosa é danosa às relações humanas e sociais. Instigar protecionismos e privilégios em detrimento da negação de diferenças das individualidades e potencialidades suscita ódio e hostilidade entre grupos, não somente entre filhos, mas gera conflitos e radicalismos.
Desejo que no "Dia das Mães" todos reflitam e tenham consciência da importância da maternidade e maternagem, que verdadeiramente favoreçam nos desaniversários do dia-a-dia e em todos os contextos de relações este papel e função fundantes e estruturantes.
Veiculado no Jornal Todo Dia, Americana-Sp, no Domingo, 08/05/2015 disponível em http://portal.tododia.uol.com.br/_conteudo/2016/05/opiniao/a_sua_opiniao/109700-coracao-de-mae.php